terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lugar de silêncio, concentração e... fofocas

Depois de uma ausência quase que forçada do Blogspot (tá, em parte foi por cansaço mesmo, eu confesso), volto a contar algumas histórias interessantes que se passam na pequena Tübingen. A mais recente dela é o motivo de minha falta de frequência no blog, principalmente nos últimos dias. Quando se chega em uma nova universidade e o semestre começa aos poucos, o cronograma do professor parece ser apenas fictício. "Para que se preocupar" pensam os desavisados que, como eu, viram o os dias no calendário passarem como vento. A época das provas chegou de forma imperceptível e abalou a rotina dos perdidos no tempo, grupo no qual eu me incluo. De pára-quedas os alunos desacostumados caem diante de uma pilha de livros e textos a ler. No Brasil o problema que talvez fosse resolvido em uma tarde, pode levar até uns três dias na Alemanha. Dicionários, anotações incertas sobre as aulas, cópias de caderno dos colegas compõe o material de estudo de um aluno em intercâmbio. O dia-a-dia começa a se alterar aos poucos, conforme se aproximam as provas. Entretanto quando se está na Alemanha as mudanças em prol do ensino, não parecem ser somente na rotina, mas também no que diz respeito a moradia...
Como muitos notaram as ruas se tornaram mais calmas e vazias, assim como os quartos das repúblicas pelo visto... Mas para onde migram os estudantes se não estão em casa e nem nas ruas? A resposta é simples, basta pensar onde se pode encontrar a maior quantidade de livros e teoricamente silêncio: obviamente que seria na Biblioteca da Universidade. Nada de estranho, afinal para encontrar a concentração perdida, esse seria o melhor lugar. Entretanto, a coisa se complica quando a maior parte da população da cidade (formada por adivinhem só... estudantes) tem a mesma ideia.
De um dia para o outro a mundaça é feita. Com sacolas cheias de livros, laptop, canetas coloridas, garrafas d'água, garrafas térmicas com chá ou café, bolachas e frutas chegam os novos inquilinos da Uni Bibliothek. Para ter o conforto de manter todo esse equipamento consigo, o segredo é chegar cedo. Encontrar lugar na sala rodeada por janelas, carinhosamente apelidada de Aquário, pode ser uma batalha e uma questão de horário: quem chega primeiro leva. Por vezes chegar às 10h da manhã não basta, os mais estudiosos chegam antes disso. A estratégia é chegar cedo e acomodar os equipamentos pelo resto do dia. Entre um gole de água e o folhar das páginas, os alunos fazem suas pausas sem, é claro, tirar os pertences da mesa. Ninguém quer perder o cobiçado lugar na Biblioteca, que em época de provas na Uni Tübingen é tão lotada quanto Carnaval no Rio. Acredite, às vezes achar um lugar livre é ouro. Exatamente por estar tão cheia, é que a Biblioteca Central se torna o ponto de encontro da galera. Entre 10 minutos de pausa e 30 de estudos, conhecidos e amigos se encontram nos corredores e arranjam um motivo para escapar dos livros. Assim a Bib (carinhosamente chamada por alguns alunos), se torna um lugar perfeito para fazer aquela social, conhecer pessoas novas e trocar fofocas sobre o final de semana. Talvez seja isso que faça os alunos permaneceram oito horas (ou mais) ali dentro. Para quem nunca teve o costume de passar a tarde dentro de uma Biblioteca estudando, o novo hábito pareceu um pouco komisch (estranho), mas a necessidade de concentração deu razão para se acostumar.
O sinal toca 15 minutos antes da Biblioteca Central fechar. Os últimos desesperados saiem com o bater das portas centenárias de madeira. A meia-noite todos os visitantes devem estar na rua a caminho de casa. No dia seguinte, a nova rotina continua para quem ainda não está de férias. Quando a última prova passa, semanas de comemorações se seguem... Agora só no próximo semestre...